quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Mas queriam o quê?

Foto: FPF/Francisco Paraíso

Quando ouço alguém criticar a nossa equipa de Sub-21 não consigo dissociar esse facto da histeria colectiva que se apodera de todos nós quando se trata de empolgar os feitos do nosso país.

A problemática da Missão Portuguesa em Pequim 2008 é um exemplo da mensagem que quero passar. Para alguns de nós era impensável que viessem menos de 8 medalhas. Era também incalculável que não vencêssemos o Euro 2008 ou que os nossos Sub-21 não se qualificassem para o próximo Euro deste escalão.

E porquê? Porque sofremos deste vício constante de pensarmos que somos os melhores em quase tudo o que fazemos. E quando a questão é desporto nem se fala mais nisso! É para ganhar e “mai nada”!

Depois… bem, depois chegam as desilusões que não são mais que a ordem natural das “coisas”.
Tudo bem, somos bons em muitos desportos mas não competimos sozinhos pois não? É disso que insistimos em esquecer.

O caso dos seleccionados de Rui Caçador é uma demonstração perfeita daquilo que penso. Já alguém parou para pensar a sério nesta equipa? Não pois não? Porque tudo o que não seja discutir arbitragens ou debater o acessório do futebol, não nos interessa…

Pois para mim esta equipa não é a EQUIPA que muitos diziam ser. E por isso não estou minimamente incomodado com a não-qualificação para o Campeonato da Europa.

Basta atentarmos no onze que ontem defrontou a sua congénere irlandesa. Após uma análise série somos forçados a concluir que não é equipa para grandes aventuras.

Do onze inicial apenas Rui Patrício é opção constante no seu clube de origem. A defesa foi composta por Vasco Fernandes, Manuel da Costa, Nuno André Coelho e Gonçalo Brandão. Dos quatro existe algum que seja titular do seu clube? Talvez Fernandes…

O meio-campo, sector forte da equipa, esteve recheado de bons nomes: Pelé, Veloso e Manuel Fernandes. Onde tem jogado Pelé para ter ritmo de jogo? Os minutos que Veloso e Manuel Fernandes têm tido nos seus clubes são suficientes para atingir a forma ideal? Penso que não.

No ataque, Vierinha e Vaz Tê apoiados por Paulo Machado. Tratam-se de três bons exemplos de jovens que raramente são opção por onde passam. Pelo menos opções firmes de um treinador.

E esta é para mim a melhor selecção que podemos ter, dada a conjuntura actual.

Só que manifestamente não chega para as encomendas. Compará-la à Holanda, Inglaterra, França ou Itália é de um falta de bom senso gritante.

Como alguém já disse por aqui, também eu não entendo algumas situações. A equipa é frágil e ainda assim conseguem privá-la das suas maiores pérolas.
Falo de Nani, Moutinho, Yannick e Antunes. Que foram estes fazer para os AA quando estava em causa a presença num Europeu da categoria?

Mas este mal não vem de agora. Esta formação já tinha perdido pontos importantes por esta falta de ambição. Já vem dos tempos de Scolari que sempre se borrifou para as selecções jovens.
Francamente custa perceber o quão importantes foram estes quatro jogadores para a selecção AA no jogo com Malta e noutros anteriores…

Não será este falhanço da qualificação uma consequência do mau trabalho que anda a ser feito neste país?

Sabem quantos estrangeiros tem os três principais emblemas portugueses só nos seus escalões de Juniores? Investiguem, indignem-se e, se quiserem, comentem… Talvez passe um pouco por aí o cerne da questão.



1 comentário:

Rui Santos disse...

Eu próprio já me deabati sobre o tema do elevado número de estrangeiros nas camadas jovens. É vergonhos. As camadas joves deveriam, em primeiro lugar, formar os jogadores de futuro de uma clube e de uma nação.
Só que pelos dias de hoje, a única coisa que importa mesmo é ganhar. Seja de que forma for. Mesmo que se esteja a hipotecar o futuro do futebol nacional.