terça-feira, 30 de setembro de 2008

Dragão Dourado

Quando não falar é uma virtude



As presumíveis saídas nocturnas, não autorizadas, de alguns jogadores argentinos mais o médio Pelé, fizeram manchete em alguns diários desportivos. A pouca produtividade da equipa pode ter aqui parte da sua explicação.

Os atletas portistas têm-se apresentado invariavelmente cansados e desligados do jogo. Seja para o campeonato, seja para a Liga dos Campeões, os desafios do F. C. Porto são uma verdadeira afronta àquilo que se pode chamar de bom futebol. Levando a máxima de Marco Fortes a peito (“De manhã é para estar na caminha”), os adeptos azuis e brancos começam a pensar da mesma forma: na primeira parte o melhor é ficar por casa para não apanhar frio. Depois sim, segue-se para o estádio, para apanhar o pouco do futebol que é apresentado pelos dragões.

Depois, e para completar o ramalhete, surge-nos o “mestre” Jesualdo, que mais uma vez perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. Todos sabem que, mais tarde ou mais cedo, todas as equipas são beneficiadas/prejudicadas pelas arbitragens. Fazer disso desculpas para o mau início de temporada é cobardia. E mais quando se dão exemplos de jogos em que nem o F. C. Porto é interveniente directo.

Em vez deste discurso minimalista, da desculpabilização, o técnico dos dragões deveria reflectir naquilo que a equipa ainda não é capaz de fazer. Naquilo que a equipa continua frágil. Naquilo que, realmente, interessa no futebol: o jogo.

Se atentarmos nestes factores, constatamos facilmente o seguinte: nos últimos três jogos, o campeão nacional apresentou três laterais esquerdos diferentes; desde o início da época, Lisandro tem estado desastroso na finalização; Rodríguez ainda não se conseguiu encaixar no estilo de jogo portista; e Hélton continua muito inseguro, sem que isso seja “recriminado” pelo próprio Jesualdo Ferreira.

Mas nem só de factores negativos se faz esta análise ao momento azul e branco. Raul Meireles fabricou uma excelente exibição, na última sexta feira, frente ao Paços de Ferreira. Um grande golo e uma assistência abrilhantaram uma exibição que roçou a perfeição. E mais importante que este jogo, percebe-se que o próprio médio está diferente, e para melhor. Menos exuberante, sem necessitar de correr tanto, Meireles mantém a sua enorme capacidade de recuperar bolas, visto possuir um muito melhorado nível de posicionamento em campo. Mais sóbrio, o internacional português confere outro ritmo ao jogo portista, afirmando-se cada vez mais como um elemento fulcral nas transições azuis e brancas.

Além de Raul Meireles, Hulk voltou a marcar. Cerca de vinte minutos em campo bastaram para facturar, coisa que Lisandro não conseguiu. Não quero com isto dizer que o argentino deve ser relegado para o banco em Londres, frente ao Arsenal. Apenas defendo que, em jogos de grau de dificuldade menos elevada, Jesualdo deva apostar mais em outras soluções. Frente ao Paços de Ferreira entraram Lino, Tomás Costa e Farias para o onze. Só que estas alterações produziram outras modificações dentro do próprio estilo de jogo portista. Lisandro, quando descaído para um dos flancos, não rende tanto como no centro do ataque. Seria mais sensato apostar em Candeias ou Guarin, descaindo neste caso Tomás Costa para o lado direito do meio campo, permitindo que “Licha” mantivesse a sua posição predilecta. Mas mais uma vez, o “mestre” mexeu mal as peças, que originou mais uma exibição frouxa do campeão nacional.

Agora segue-se a Liga dos Campeões. A deslocação ao terreno do Arsenal adivinha-se complicada. Nem mesmo a derrota caseira dos “gunners”, na última jornada da Premier League, me faz pensar o contrário. Em dia sim, os “meninos” de Wenger são capazes de vencer qualquer adversário. E mais que vencer, são capazes de “destruir” o oponente. O futebol rápido e apoiado dos ingleses promete ser uma dor de cabeça para Sapunaru e companhia. Veremos como se comporta o tri campeão português.

Dragão da Semana: Raul Meireles

Por: Flávio Pedrosa

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