Dragão Dourado

"Rolando sobre o Benfica"

Foto: fcporto.pt

Foi um verdadeiro hino ao futebol, o jogo protagonizado por Benfica e F.C. Porto no passado sábado. A Luz encheu-se para o primeiro clássico da temporada, tendo os mais de 53 mil espectadores presenciado a um excelente espectáculo. Um jogo aberto, onde as duas equipas jogaram apenas para um objectivo: vencer.

A primeira parte do desafio foi de cortar a respiração. Lances de perigo a sucederem-se em catadupa, em ambas as áreas. Um regalo para quem assistiu à partida. Como consequência deste ritmo alucinante, o primeiro golo do jogo, logo aos 11 minutos. Lucho González marcou para os portistas de grande penalidade, mas o destaque vai mesmo para a falta grosseira de Katsouranis sobre Lisandro. Incompreensível.

Até ao fim do primeiro tempo, continuou o vendaval ofensivo de ambas as formações. Neste particular, destaque para Lisandro que afastou uma bola em cima da sua linha de golo e, de seguida, mandou uma bola ao poste da baliza de Quim. Este ritmo electrizante contagiou até os adeptos.

Para a memória de quem viu, perdurará a atitude do adepto benfiquista que invadiu o relvado para apertar o pescoço ao fiscal de linha. Insólito, divertido e corajoso, mas este acto poderá ter (e no meu entender terá de ter) consequências graves para o clube encarnado.

A segunda parte foi totalmente dominada pelos nortenhos, muito devido à expulsão de Katsouranis. De facto, o grego teve uma noite para esquecer. Por incrível que pareça, foi num lance aparentemente inofensivo que o Benfica empatou a partida. Cardozo aproveitou um erro clamoroso de Hélton e restabeleceu a igualdade. A partir daqui só deu Porto. Pena que Lisandro tivesse estado desinspirado e Rodriguez mais preocupado em calar a Luz.

Mais uma vez, e como é já habitual, Jesualdo Ferreira mexeu no onze, e na estrutura, da equipa. Em relação ao último desafio, frente ao Belenenses, saíram da formação inicial Pedro Emanuel, Benitez e Mariano Gonzalez, tendo entrado para os seus lugares Rolando, Fucile e Fernando. Duas estreias, num jogo crucial. Mas a verdade é que Rolando e Fernando revelaram uma maturidade em campo impressionante. O jovem central fez uma exibição de encher o olho, tendo ganho a grande maioria dos lances em que interveio. Fossem bolas lançadas em profundidade, pelo ar ou pelo chão, Rolando limpava-as todas, com uma classe impressionante. Talvez a comparação seja um pouco exagerada, mas vê-lo jogar na Luz fez-me lembrar, por instantes, Ricardo Carvalho. Pela calma e forma de jogar, Rolando pode-se tornar um caso sério no futebol nacional.
Já quanto ao brasileiro Fernando, rubricou uma exibição muito agradável. Não se deixou atemorizar pelo amarelo madrugador, tendo recuperado inúmeras bolas a meio campo. Um jovem, sem dúvida, com muito valor.

Aliás, o meio campo portista esteve particularmente bem. Apesar de se apresentar num figurino diferente, com quatro homens, a eficácia da zona intermediária dos dragões foi decisiva para o controlo de jogo que a equipa teve na maioria do tempo de jogo. Na frente de ataque, o destaque vai mesmo para Lisandro, que apesar da boa exibição, voltou a desperdiçar algumas oportunidades flagrantes de golo. Não fosse isso, e o F.C. Porto teria saído da Luz com uma justa vitória. Em vez disso, sai com enorme amargo de boca, trazendo apenas um mísero ponto para a Invicta.

No resto, nota bastante positiva para o professor Jesualdo, que desta feita mudou bem o esquema da equipa, tendo inclusive arriscado nos últimos minutos, em busca da vitória. Uma surpresa bastante agradável. Surpresa também, mas pela negativa, foi a condição física dos jogadores do Benfica. Três lesões musculares (Aimar, Yebda e Léo) é preocupante, ainda para mais quando estamos a falar de um jogo de início de época.

Finalmente, há que salientar ainda a terrível entrada de Nuno Gomes sobre Sapunaru, já perto do fim da partida. Uma falta para cartão vermelho directo, apesar de o árbitro ter resolvido mostrar apenas o cartão amarelo. Imagino o que se diria se fosse Bruno Alves a fazer tamanha investida sobre um rival.

Dragão da Semana: Rolando


Por: Rui Almeida Santos