terça-feira, 11 de novembro de 2008

Só eu sei...

Balanço milionário




A semana que passou fica marcada pela jornada europeia histórica do Sporting, cujas consequências, se são em termos materiais objectivamente generosas e absolutamente fundamentais na gestão moderna do clube, são por outro lado absolutamente intangíveis no que respeita ao prestígio granjeado, e no quanto esta conquista se coaduna com o projecto sonhado pelos seus fundadores.

Este Sporting, ao habituar-se a conviver na alta-roda europeia (e estou certo que fará desse convívio um hábito sistemático) está no fundo a reencontrar-se com a sua vocação e com o seu próprio destino, e nós adeptos vivemos tempos importantes deste clube, gerido aliás com dificuldades mas com uma ideia de futuro e com um plano.

Contra o Shaktar, o Sporting foi um conjunto calibrado, de grande sentido táctico e com inexcedível capacidade de controlo de emoções. Foi o Sporting quem desgastou a formação ucraniana e não contrário, fazendo-a sentir que poderia cair a qualquer momento. Um jogo é sempre também um mosaico de emoções, um campo de batalha psicológico, e poucas são as equipas que em campo possuem e demonstram como um todo não só esta noção mas também a capacidade de a moldar e perverter a seu favor.
Já tenho visto o Sporting a fazê-lo e isso é para mim um feliz indício de grande inteligência colectiva!

No que diz respeito ao jogo para a Taça de Portugal com o F. C. Porto, começo por observar com algum cinismo e ironia que mesmo com um afastamento de uma competição a equipa continua a cultivar uma convicta invencibilidade.

O período em que a equipa demonstrou um futebol mais positivo, aberto e vocacionado para o espectáculo acabou por marcar o início de uma derrota. E eu, que professei durante tanto tempo a primazia do futebol ofensivo e belo, vejo-me de repente um fanático defensor do cinismo táctico e do jogo contido, pensado e cerebral. O gosto da vitória corrompe-nos!

Mas atenção que para além da derrota do Sporting no último domingo houve outra: a derrota da complacência e tolerância para com as asneiras dessa tragicomédia que é a arbitragem portuguesa. E atenção que as palavras de Paulo Bento no final do jogo em questão, que tão melindradas têm trazido as tradicionais primas – donas, traduzem não só um sentimento colectivo como constituem em si um eufemismo!

Leão da semana: Liedson


Por: César Paisana Adão

Sem comentários: