segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Dragão Dourado

O nosso triste fado






Mais uma “pequenina” paragem do campeonato. Esta “só” vai durar três semanas consecutivas. Sim, porque ao que parece a terceira eliminatória da Taça de Portugal é importante, por si só, para ser jogada no próximo fim-de-semana, e assim parar aquela que realmente é a prova mais importante do calendário português.

Erros de casting à parte, a verdade é que o F. C. Porto chega a esta fase da temporada em primeiro lugar da tabela. “O” seu lugar, por mérito próprio, desde há imensas temporadas para cá. Mais do que isso, já fez as duas viagens mais perigosas à capital, sem que tenha sido derrotado. Isso é muito importante para uma equipa, repetidamente recordada pelo seu treinador, em construção. Empatar na Luz e vencer em Alvalade, num espaço de três semanas, não está ao alcance de todos. A única nódoa dá pelo nome de Rio Ave. A pior exibição azul e branca para o campeonato, terá recordado aos jogadores portistas que os jogos só se ganham em campo. Com empenho e rigor, e não com exibições frouxas como a de Vila de Conde.

Na Europa, e apesar do atropelamento em Londres, a verdade é que o F. C. Porto está no segundo lugar do seu grupo de qualificação para os oitavos de final da liga milionária. Tem nos próximos dois jogos, ambos frente aos ucranianos do Dínamo de Kiev, a hipótese de dar um passo de gigante rumo à próxima fase da prova.
E agora podemos contar com um treinador mais competente. Sim, porque Jesualdo Ferreira foi um, dos muitos treinadores portugueses, que aproveitou esta paragem da Liga para estar presente numa pós-graduação da UEFA para treinadores de futebol.

Tudo para que possam, segundo o professor, estar “ao mesmo nível” dos demais técnicos europeus. Gostaria que isso fosse verdade, mas não acredito que uma simples graduação possa mudar por completo algumas mentalidades. Bem gostava de ter um Jesualdo ao nível de Lippi ou Capello, mas isso seria pedir demais. Quer a Jesualdo, quer à minha própria imaginação.

Mas o que realmente teve impacto este fim-de-semana foi sem dúvida o jogo da selecção portuguesa frente à Suécia.
O pior passou-se na conferência de imprensa de antevisão da partida, protagonizada pelo seleccionador luso, outro “professor”, Carlos Queiroz.

O seu discurso monocórdico e enfadonho é capaz de desmotivar qualquer um. Até mesmo os seus jogadores. Mas verdade seja dita: Para quem o sono for um problema, gravem uma conferência de imprensa deste senhor e vejam no momento adequado: é tiro e queda. Não que seja um devoto seguidor da nossa senhora do Caravaggio ou de analogias do género, mas a verdade é que a forma de o treinador abordar os jogos tem tremenda influência na resposta que os jogadores possam dar em campo. Mourinho é um belo exemplo disto mesmo.

E ia eu no meu terceiro sono quando de repente ouço o impensável: “Não somos favoritos e o empate já seria bom”. “O quê?”, exclamo, esfregando ainda os olhos. Portugal não é favorito? Hummm… Pensando como um português pensa: “Não temos Ricardo Carvalho, Deco, Maniche e Simão! Que vai ser de nós?”
E que tal olharmos para o outro lado da barricada? Frente a Portugal não jogaram Henrik Larsson, Wilhelmsson, Mellberg e Rosenberg. Entre estes quatro, estão “apenas” o jogador mais emblemático da Suécia e o capitão da selecção.

E se atentarmos aos jogadores que foram chamados por Queiroz para suprir as ausências acima referidas, constatamos que são todos jogadores que actuam em equipas de primeira linha europeia. E os suecos? Tiveram de reserva algum Quaresma, Danny ou mesmo Carlos Martins, que nem chegou a sentar-se no banco de suplentes? A resposta é simples: Não. Nem de longe nem de perto. Por alguma razão, Lars Lagerbak, seleccionador sueco, não fez qualquer substituição durante toda a partida.

O típico discurso mesquinho lusitano levou a que até Ronaldo, capitão de equipa, pensasse no empate como um resultado positivo. E se o capitão pensa assim, vai transmitir os mesmo sentimentos ao resto da equipa. É óbvio que quando se proferem estas opiniões, depois de uma derrota confrangedora em casa, e em vésperas de um duelo frente a um adversário directo no grupo, a própria confiança dos jogadores tende a ser abalada. E isso reflectiu-se na exibição da selecção. É certo que o árbitro também errou em alguns lances chaves, mas pelo que fez durante a partida, a selecção portuguesa não merecia sair com os três ponto de Gotemburgo.

Agora é esperar para ver o que Portugal consegue fazer frente à Albânia, na próxima quarta-feira. Depois, começa a contagem decrescente para a tão aguardada eliminatória da Taça de Portugal. A não perder.


Por: Flávio Pedrosa

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