segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Bola Aparte

Vamos tropeçar?


Conto-me entre os largos milhões de pessoas que sofrem dessa tão moderna e debilitante doença que é a Insónia. É uma condição eminentemente adequada aos acelerados tempos que vivemos, e não deixo de a ver sem uma ponta de romantismo – é uma alma complexa e inquieta aquela que não permite ao corpo repousar – até pela ilustre companhia que encontramos no grupo dos que sofrem desta mazela espiritual. Entre o apagar da luz e o começo do sonho, por vezes longas horas se estendem, horas em que me entrego a um escrutínio masoquista de todos os aspectos da minha vida e pessoa. Não sendo um indivíduo, nem de longe, assim tão interessante e multifacetado inevitavelmente aborreço-me. Aborreço-me morbidamente. E esse tédio cedo se transforma numa ansiedade miudinha e difusa, que ainda mais afugenta o sono revitalizador. É uma tortura, garanto. E enfrentar o mundo com duas e três de sono só entristece a situação.



.
Não tenho a cura para a Insónia. Não recomendo álcool nem drogas. Cada um acaba por desenvolver as suas estratégias: leitinho e o último romance da Agustina fazem maravilhas, ouço dizer. Mas a questão mantém-se: o que fazer nestas horas de interminável vigília? Livros, música, cinema – It's all good! Mas o que mais costumo fazer é tropeçar pela Internet. Digo tropeçar com relativa literalidade. STUMBLE, na língua de Shakespeare.

.
Stumble Upon não é uma novidade para os Web Nerds. Trata-se de uma comunidade virtual, absolutamente gratuita, em que o utilizador se liga, dá os seus dados (não são muitos os obrigatórios) e traça o seu perfil de gostos, interesses e apetências. Convém pormenorizar para uma utilização mais adequada à sua personalidade. Instala uma pequena e bem desenhada barra no seu browser et voilà: STUMBLE. Ao clicar do botão deslocamo-nos com velocidade pelo mar cibernáutico, sempr desembocando em contéudo mais ou menos cadunado ao nosso perfil, e cuja qualidade foi já classificada pelos outros utilizadores. Este trabalho de rating – que fazemos clicando num polegar para cima ou para baixo – é o único tipo de reciprocidade que a comunidade implicitamente pede. O mau conteúdo que vai sendo adicionado é atirado para o fundo da pilha, enquanto o mais bem cotado é o primeiro a aparecer. Podemos restringir a procura a imagens, vídeo ou estendê-lo a todo o tipo de site. Quem tem mais de 18 anos poderá tirar o filtro X-rated e receber o acasional material erótico, sempre de bom gosto. Depois são horas de furioso surf informático, sem nunca nos encontrarmos errantes desgovernados na imensidão intimidante da Web. Queremos mais e melhor, é carregar no botão e ver em que tropeçamos a seguir.
.


Foi até criado um sistema similar para material pornográfico. Chama-se BTP – Bring The Porn. É um admirável mundo novo.


.
.
Por: Francisco Adão

.

Sem comentários: