segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Dragão Dourado

“Vira o disco e toca o mesmo”

Foi um fim-de-semana “normal” no Futebol Clube do Porto. Dito assim, dirão os leitores que estou doido. Uma derrota nunca é encarada de ânimo leve no seio dos campeões nacionais, mas o que é certo, é que, mais uma vez, os “dragões” deixaram fugir um troféu ás custas do Sporting.

Convém, no entanto, começar do início. O plantel dos azuis e brancos recebeu nesta pré-época, praticamente, um novo jogador por posição. Senão vejamos: Sapunaru e Benitez nas laterais, Rolando no centro da defesa, Guarín, Fernando e Tengarrinha para meio campo mais defensivo, Tomás Costa para centro do terreno propriamente dito, Candeias e Rodriguez nas alas e Hulk e Rabiola para o ataque. Entre regressos de empréstimo e novas contratações, são onze as novas caras do F.C. Porto, versão 2008/09. Só a baliza resistiu a esta “revolução”.

Com o desenrolar da pré-temporada, pareciam esquecidos Bosingwa (Chelsea) e Paulo Assunção (Atlético de Madrid), duas pedras basilares na última época. As exibições do conjunto azul e branco pareciam convencer que a equipa não se ressentiria da saída de ambos. Puro engano.

Ao primeiro jogo oficial, a primeira derrota. Não que a Supertaça seja o título pelo qual o F.C. Porto deva dar prioridade total, mas um troféu é sempre um troféu. A sua conquista pode balancear a equipa para patamares de confiança elevados. E, não menos importante, deixa os adeptos sempre satisfeitos. Ainda por cima quando os mesmos são obrigados a percorrer Portugal de “lés a lés” para ver a sua equipa jogar. Um profundo disparate, quando entre as cidades do Porto e de Lisboa existem estádios, como o de Leiria ou de Coimbra, que podem receber, com todas as condições exigíveis, este tipo de partidas. Os adeptos agradeceriam.

Passando do acessório ao essencial, os campeões nacionais apresentaram-se no Estádio do Algarve com quatro reforços no onze inicial. Sapunaru, Benitez, Guarín e Rodriguez alinharam de início, ocupando posições fulcrais no terreno. Sapunaru à direita e Benitez à esquerda da defesa, Guarín como médio defensivo, e o “Cebola” nas alas. Ricardo Quaresma foi preterido da convocatória (novamente), bem como Mariano, que devido a uma repentina gastroentrite, ficou também fora dos eleitos.

Da partida em si nada de novo, tendo em conta os últimos encontros entre dragões e leões. O F.C. Porto teve algum controlo da partida, dispôs das melhores oportunidades para marcar e…perdeu. O penalti falhado e o remate ao poste de Lucho Gonzalez, o falhanço de Lisandro à boca da baliza e o grande remate de Raul Meireles para aparatosa defesa de Rui Patrício dão expressão quantitativa à exibição portista. O problema estava efectivamente na defesa. Hélton esteve, desta vez, bastante seguro na baliza, não tendo culpa em nenhum dos golos sofridos. O mesmo não se pode dizer do internacional romeno Sapunaru, que esteve mal a defender, mal a atacar e ainda ofereceu um golo a Djálo. Em poucas palavras, uma exibição paupérrima do lateral. Benitez, na esquerda, não comprometeu, mas também não encantou, o que deixa a questão no ar: Fucile não jogou porquê? Com a saída de Bosingwa, a pergunta que se fazia era em que flanco, o uruguaio devia jogar. Só que Jesulado Ferreira, técnico dos tri campeões nacionais, deixou-o de fora da partida. Na minha óptica, inexplicavelmente. Em relação a Pedro Emanuel e Bruno Alves, mais do mesmo. Segurança do primeiro e a normal impetuosidade do segundo.
Já Guarín não fez a ligação defesa-ataque que se lhe exige, perdendo bolas de forma constante. Lucho Gonzalez foi novamente o “Comandante” da equipa, mesmo apesar do penalti falhado. Esteve muito bem o internacional argentino. Raul Meireles foi o mesmo de sempre, bastante esforçado. Deixou a pele em campo.
O ataque, improvisado com Lisandro numa das alas, foi inofensivo. O argentino andou perdido no terreno, Rodriguez foi inconsequente e Farias apareceu muito pouco em jogo. Diga-se que raramente foi bem servido, mas mesmo assim fez muito menos que, por exemplo, Hulk, que mexeu com a equipa. Deixou novamente boas indicações, mas é notória a falta de entrosamento com os colegas de equipa. Será, sem dúvida no futuro, um enorme trunfo da equipa portista, mas ainda tem muito que trabalhar no presente. Um ressalvo ainda para Daniel Candeias. O jovem extremo deu uma outra dinâmica à ala direita da equipa. Foi dele o cruzamento que resultou na grande penalidade, e deixou pormenores de grande técnica e velocidade. Grande exibição do ala azul e branco, tendo em conta que foi a sua estreia, em jogos oficiais, com a camisola do F.C. Porto. Um jogador a acompanhar de perto.
De resto, os dois golos do Sporting nasceram de dois lances bastante confusos na área dos “dragões”. Não querendo de maneira alguma retirar o mérito aos leões, foram dois lances “caídos do céu” que deram a vitória na competição. E quase fazia o terceiro, num lance em que Bruno Alves atrasou a bola, de forma calamitosa, a Hélton, que importunado por Derlei e Djálo, conseguiu, à segunda, resolver o imbróglio. Imperou de novo a velha máxima do futebol: vence quem marca. Não interessa a forma como esses golos chegam.
Um aparte ainda para a exibição do árbitro Carlos Xistra. Estamos em início de época, é certo, mas a exibição do juiz de Castelo Branco deixou muito a desejar. O cartão amarelo a Benitez é exagerado, deixando passar em claro uma entrada dura de Caneira sobre Rodriguez, bem como uma investida violentíssima de Rochemback sobre Lucho Gonzalez. Erros sem influência directa no resultado, é verdade, mas não deixam de ser manchas na exibição do juiz.

Em suma, o F.C. Porto merecia outra sorte na partida, não tirando, como é óbvio, todo o mérito do Sporting em aproveitar os erros da defesa azul e branca.

Pela primeira vez, desde que é treinador dos campeões nacionais, o professor Jesualdo Ferreira não procurou encaixar o onze portista no esquema táctico do Sporting, e talvez o tenha feito erradamente. Sobretudo, porque para esta partida, Quaresma, Mariano e Tarik não estavam disponíveis. Sobravam Rodriguez e Candeias para as alas. Com a aposta a recair em Farias, o pior que o técnico do F.C. Porto fez foi deslocar Lisandro para uma ala, arrastando consigo o seu “instinto matador”. Uma das opções possíveis, e para mim a mais credível, seria colocar Rodriguez numa posição mais central, colando Farias e Lisandro no centro de ataque. Jesualdo jogaria em 4-4-2, como muito gosta, e a equipa ficaria equilibrada no terreno. E ainda para mais tendo em conta o adversário que tinha pela frente, que preferencialmente também actua neste esquema táctico. Mas o pensamento do professor virou-se para o 4-3-3, que na noite de sábado esteve muito pouco eficiente.

O importante agora é olhar para o futuro com optimismo. As competições pelas quais o F.C. Porto verdadeiramente deve lutar estão à porta, e os campeões nacionais partem na “pole position”. E não será esta derrota que irá abalar toda a preparação azul e branca.


Por: Rui Almeida Santos

1 comentário:

Anónimo disse...

kalma ai!
em ano passado tb perdemos mas fomos tris com 20 pontos!!!

o primeiro milho...