terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Bola Aparte

What to do? What to do?



Serralves parece ter libertado o espaço que vinha a ser ocupado pela panegírica exposição retrospectiva da vida e obra desse nosso cineasta-mamute, o Sr. Manoel de Oliveira. Claro que não irei aqui questionar a pertinência de tal iniciativa. E porque não celebrar o percurso deste realizador que reclamou para si quase todo o espaço que o cinema português de pretensão autoral conseguiu conquistar, preenchendo-o com os seus gemidos cinematográficos de acústica longa e indolente, como uma balada que nos embala em morte sonolenta, qual hipotermia. Que me desculpem os seus defensores, mas a verdade é que cheguei a temer pela minha vida nalgumas daquelas sessões de cinema.

Mas acho que sim! É aquela coisa do "vamos mimá-lo enquanto ele ainda cá anda" que o Portugal reserva a alguns dos seus vultos. Desculpem a crueza mas já é bem tempo de sacrificar essa vaca sagrada do nosso cinema. Sempre com reverência e solenidade, claro! Como naquela bela cena final de "Apocalipse Now", com a morte de Brando simultânea à de um descomunal touro das selvas do sudeste asiático. Com isto não sugiro que lhe encostem a almofada à cara. Nada disso. Deixemos a natureza tomar o seu curso. Mesmo que esta se revele tão vagarosa como a progressão dos filmes do decano.

E o que é que veio substituir o nosso Manelito? Algo, se possível, diametralmente oposto. O pintor, writer, punker, situacionista, abstraccionista e seguramente outras coisas acabadas em "ista", Christopher Wool. O mesmo responsável por esse maravilhoso objecto que é o álbum "Rather Ripped" de Sonic Youth, feito em 2006.

Falamos de um artista, que todos os esforços parece fazer para evitar que a sua obra, que nunca se afastou das electrizantes esferas do punk e unnderground novaiorquino, caia rotulada e classificada nessas linhagens estruturantes que tentam dissecar a história da arte contemporânea. Ele envia-nos vinte dos seus trabalhos mais recentes, feitos entre 2006 e 2008, em contraponto com outros tantos dos seus trabalhos anteriores. Notamos a solidificação de uma prática criativa cada vez mais assente na hesitação e desconstrução constantes. Querem chamar-lhe "raw abstraction", compará-lo a Pollock e aos outros expressionistas abstractos e a Basquiat, nos seu trabalhos de rua ("Direct Action, Gets the Goods"), mas eu francamente tenho mais que fazer. A sério. Dá vontade de montar uma tenda nos jardins da Fundação. Há lá cinema (O Sabor do Cinema – Momento XVI) e o grande Juan Muñoz. Wool vai lá ficar até 15 de Março.

Vamos todos para o Porto!
E que mais? Descobri um site que vale a pena. http://www.dipity.com/tatercakes/Internet_Memes. Uma espécie de cronologia dos grandes acontecimentos da Internet, em permanente desenvolvimento. Com links para os sites, vídeos e fenómenos mais relevantes e visitados da história cibernáutica. Check it out!


Por: Francisco Adão

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